Soluções biológicas e manejo inteligente: como a agricultura brasileira pode enfrentar o déficit hídrico nas lavouras 73ct

Publicado em 01/05/2025 08:21
Por Carina Cardoso e Augusto Sanches, agrônomos e coordenadores técnicos de mercado na Nitro

O déficit hídrico é um dos principais fatores limitantes da produtividade agrícola no Brasil, impactando diretamente culturas estratégicas como soja, milho, feijão e café. A escassez de chuvas em momentos críticos do desenvolvimento das plantas — como germinação, florescimento e enchimento de grãos — pode comprometer bastante a formação da lavoura e reduzir os rendimentos. Em várias regiões do país, produtores já enfrentam a terceira safra consecutiva com frustração ou perdas importantes, consequência não apenas da seca, mas da combinação com estresses térmicos extremos. Nesse cenário, o uso de tecnologias biológicas tem se consolidado como uma estratégia fundamental para manter o teto produtivo previsto na genética da semente escolhida. 412g2q

Com o agravamento das condições climáticas, é essencial adotar ferramentas que ajudem a planta a atravessar os períodos de atípicos e manter sua fisiologia ativa. Em situações de estresse hídrico, por exemplo, a planta naturalmente entra em modo de sobrevivência: reduz seu ciclo, aborta vagens, altera sua morfologia e direciona energia apenas para garantir sua reprodução. Todo esse processo é controlado por fatores hormonais e fisiológicos que a levam a encurtar o ciclo e formar o mínimo necessário de sementes. É nesse ponto que entram os bioinsumos, que ajudam a planta a manter sua função produtiva mesmo sob pressão ambiental.

Um exemplo prático é o uso de combinações de microrganismos de diferentes cepas de Bacillus — entre elas Bacillus aryabhattai, Bacillus subtilis e Bacillus amyloliquefaciens. Elas formam biofilmes espessos e hidratados ao redor do sistema radicular, criando um microambiente com potencial osmótico que retém água junto às raízes. Isso reduz a taxa de desidratação e proporciona uma hidratação mais eficiente do sistema radicular, fundamental para o funcionamento da planta em momentos críticos. Além disso, essa formação ativa mecanismos internos de defesa, como a regulação do ácido abscísico, hormônio responsável pelo fechamento dos estômatos. Com isso, a planta consegue controlar melhor a perda de água sem paralisar completamente sua atividade fotossintética — fator chave para preservar a produtividade.

Além da proteção física e fisiológica das raízes, blends desse tipo também promovem efeitos no desenvolvimento reprodutivo da planta. Entre os resultados observados estão maior engalhamento, pegamento de flores e melhor formação de cachopinhas (os aglomerados de pequenas vagens), com potencial de conter 3 a 4 grãos cada — desde que a genética da cultivar permita essa expressão. Ensaios de campo, por exemplo, realizados em diversas regiões do Brasil, mostram que lavouras de soja tratadas com um blend dessa ordem chegaram a apresentar incrementos médios de oito a nove sacas por hectare, em comparação às áreas testemunhas sem o produto, seja aplicado no sulco ou via tratamento de sementes.

Em paralelo, outras ferramentas tecnológicas com a bactéria Bacillus aryabhattai, isolada de solos da Caatinga, notamos o retardo dos efeitos do estresse hídrico e favorecimento do crescimento radicular. Assim, a estratégia é clara: ao ampliar o volume e a profundidade do sistema radicular, a planta a mais água e nutrientes no solo, criando um escudo natural contra a estiagem. Já a aplicação de aminoácidos e nutrientes como potássio, magnésio e boro na fase final do ciclo colabora com a translocação de fotoassimilados, garantindo que o enchimento de grãos ocorra de forma eficiente mesmo em condições adversas.

A suplementação foliar com compostos fisiológicos e nutricionais também vem se destacando como uma tática complementar eficaz. Segundo dados da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação de Mato Grosso do Sul, a adoção dessas estratégias pode reduzir perdas em lavouras em até 30% mesmo em cenários de seca intensa.

Por fim, destacamos que o manejo inteligente do solo continua sendo peça-chave. Práticas como o plantio direto, a rotação de culturas e o uso de cobertura vegetal ajudam na conservação da umidade e promovem um ambiente biológico mais rico para o desenvolvimento das raízes e a ação dos bioinsumos. Somadas às inovações tecnológicas já disponíveis, essas estratégias oferecem ao produtor brasileiro a chance de proteger seu investimento, reduzir riscos e manter sua lavoura produtiva mesmo diante de um clima cada vez mais desafiador.

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Fonte:
Nitro

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário 5y581d