Solubilidade ideal de fósforo aumenta produtividade em culturas de ciclo curto 1e673q
A deficiência em fósforo (P), nutriente tão importante para o crescimento das plantas e a produtividade das culturas, é uma característica conhecida do solo brasileiro, especialmente na região do Cerrado, onde uma grande parte das áreas tem solos naturalmente ácidos, de baixa fertilidade, com baixos teores de fósforo e elevada saturação em alumínio. t4m5m
O manejo adequado de fósforo não só é essencial como requer ainda mais atenção em culturas de ciclo curto. Cultivos como soja, cuja produção está ao redor de 147,7 milhões de toneladas, milho, por volta de 115,5 milhões de toneladas, e algodão, em torno de 3,7 milhões de toneladas, têm impacto relevante na pauta de exportação brasileira. O País é o maior produtor e exportador de soja, além de terceiro e quarto maior produtor de milho e algodão, sendo que também lidera as exportações globais da pluma.
O cuidado com a solubilidade é fator determinante na estratégia de adubação. Isso porque ao se ligar aos colóides do solo, o fósforo pode ficar retido e, portanto, menos disponível para as plantas. Em culturas como a da soja, em que o tempo entre o plantio e a colheita gira entre 100 e 120 dias, é preciso que o fósforo esteja prontamente disponível no momento da semeadura, o que demanda boa solubilidade do nutriente. O limite seguro de solubilidade, contudo, precisa ser observado para que seja possível alcançar a máxima eficiência no uso do nutriente para concretização de seus benefícios.
A principal característica química dos fertilizantes fosfatados é a solubilidade do fósforo em citrato neutro de amônio (CNA)+água e em água. A revisão da literatura científica indica que para prever performance agronômica, a proporção de fósforo solúvel em água deve ser superior a 60% do teor total solúvel em CNA + água.
Um experimento conduzido em área de Latossolo no Mato Grosso avaliou diferentes fertilizantes fosfatados e acidulados na produção de soja em campo, com proporção de solubilidade variando entre 50% e 85%. O estudo demonstrou maior concentração de fósforo nas folhas de soja, maior altura das plantas e mais produtividade por hectare na aplicação da solução com fração de fósforo solúvel em 60%. Com base nos dados da pesquisa, se infere que abaixo desse indicador não é possível garantir que o fertilizante conseguirá liberar fósforo para culturas de ciclo curto, causando danos à produtividade e perdas ao produtor. E esse impacto não é apenas ao Mato Grosso, mas pode ser sentido em outras áreas de cultivo do país.
A solução com fósforo solúvel em 50% resultou em redução de quase 1.000 kgs de soja por hectare – ou 16,6 sacas a menos, na comparação com a solução de melhor desempenho, de 60% de solubilidade. Fazendo um exercício com base nos preços atuais da soja, isso equivaleria a um prejuízo de R$ 2 mil por hectare ao produtor.
Por outro lado, ainda que não haja no histórico indicação de um teto máximo para a solubilidade de fósforo, que pode variar conforme as propriedades do solo, condições climáticas do ambiente, da cultura agrícola e do modo de aplicação em campo, o fósforo extremamente solúvel, acima de 85% a 90%, não gera benefícios adicionais. Vale considerar, também, que altíssima solubilidade pode ocasionar a liberação de fósforo quando não há raízes para absorção do nutriente, ocasionando sua retenção no solo e, como consequência, menor disponibilidade para a planta.
Dado o impacto às culturas de ciclo curto, no momento da escolha, os produtores precisam ficar atentos aos fosfatados acidulados testados e aprovados por pesquisa científica para garantir a compra de um produto de qualidade. Soluções que fornecem fósforo de alta eficiência, associadas a cálcio e enxofre, que são limitações do fosfato de amônio, como MAP, proporcionam nutrição mais balanceada e geram mais eficiência operacional.
Buscar informações junto ao fornecedor quando estas não estiverem disponíveis na etiqueta do produto também é uma prática que pode contribuir para assegurar a melhor estratégia de manejo. Afinal, a literatura comprova que a decisão não informada pode custar caro.
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