Em meio à batalha contra inflação de alimentos, Brasil espera algum alívio da crise aviária v386a
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Por Marcela Ayres
BRASÍLIA (Reuters) - Restrições à exportação de aves impostas após o anúncio de surto de gripe aviária no Brasil podem contribuir para a redução dos preços da carne de frango, oferecendo algum alívio -- ainda que de curta duração -- à inflação persistente de alimentos que tem afetado a popularidade do governo, dizem analistas.
O Brasil, maior exportador mundial de aves, vende cerca de um terço de sua carne de frango nos mercados internacionais, informou a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). O Rio Grande do Sul, onde o primeiro caso da doença em granja comercial foi identificado, foi responsável por cerca de 12% dos frangos abatidos no Brasil no ano ado, segundo dados do Ministério da Agricultura.
A Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) incentivou na quarta-feira o uso do zoneamento, método que concentra o controle de doenças nas regiões afetadas em vez de no país inteiro, para conter a disseminação da doença no Brasil e, ao mesmo tempo, manter o comércio.
Mas com dezenas de países suspendendo as importações de todo o frango brasileiro ou das criações do Rio Grande do Sul, exportadores estão se esforçando para redirecionar a produção.
Grandes produtores de aves, como a BRF SA e a JBS SA, provavelmente enfrentarão problemas de excesso de oferta no curto prazo que podem pressionar para baixo os preços domésticos, disseram analistas da corretora XP a clientes, dependendo da duração das restrições à exportação.
Parte das exportações brasileiras encontrará novos compradores estrangeiros, mas o mercado interno provavelmente absorverá mais oferta, disse José Carlos Hausknecht, sócio da consultoria MB Agro.
"Seria efeito pequeno e de curto prazo", disse ele. "Mas depois volta à normalidade."
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, que inicialmente destacou a perspectiva de preços internos mais baixos com a entrada em vigor das proibições comerciais, desde então já relativizou a relevância desse impacto nos preços.
A inflação dos alimentos tem assombrado o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, prejudicando suas chances de reeleição no próximo ano, com os preços ao consumidor medidos pelo IPCA subindo 5,5% nos 12 meses até abril.
Os preços dos alimentos, componente mais pesado da cesta de inflação, subiram 7,8% no período, com os preços de aves e ovos subindo 12,3%, segundo o IBGE.
André Braz, coordenador de índices de preços do FGV Ibre, afirmou que ainda é cedo para prever um impacto positivo na inflação, observando que as empresas avícolas também provavelmente reduzirão a produção se os preços internos caírem abaixo dos custos de produção.
Qualquer eventual impacto desinflacionário provavelmente será marginal, disse Adenauer Rockenmeyer, economista e coordenador do Fórum do Agronegócio do Conselho Regional de Economia de São Paulo (Corecon-SP).
"E se não for contido esse foco e ele se alastrar para as demais granjas, vai ter abate enorme desses animais, afetando a oferta não só de frango como de ovos", alertou, ressaltando que tal cenário pressionaria a inflação para cima.
(Reportagem de Marcela Ayres, com reportagem adicional de Roberto Samora e Ana Mano, em São Paulo, e Sybille de La Hamaide, em Paris)
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