Juros futuros sobem puxados por PIB forte no Brasil e desconforto com IOF 5y292d
4z295v
Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos DIs fecharam a sexta-feira em alta, pela terceira sessão consecutiva, apoiadas nos dados fortes do PIB brasileiro, no mal-estar persistente do mercado com as discussões sobre o IOF e no movimento global de venda de ativos de países emergentes.
No fim da tarde desta sexta-feira a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2026 -- um dos mais líquidos no curto prazo -- estava em 14,805%, ante o ajuste de 14,741% da sessão anterior. A taxa para janeiro de 2027 marcava 14,13%, em alta de 12 pontos-base ante o ajuste de 14,009%.
Entre os contratos longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 13,73%, ante 13,649% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 13,78%, ante 13,709%.
No início do dia o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o Produto Interno Bruto do Brasil cresceu 1,4% no primeiro trimestre, na comparação com os três meses anteriores. O resultado ficou em linha com a expectativa em pesquisa da Reuters, mas foi o mais elevado desde o segundo trimestre do ano ado (+1,5%).
O consumo aquecido -- evidenciado pelo aumento de 1,0% das despesas das famílias no PIB e pelo crescimento de 5,9% das importações de bens e serviços -- deu força à percepção de que o Banco Central pode não ter espaço para iniciar um ciclo de cortes da taxa básica Selic no curto prazo. Atualmente a Selic está em 14,75% ao ano.
Na quarta e na quinta-feira, dados de emprego formal do Ministério do Trabalho e Emprego e do desemprego do IBGE já sugeriam uma atividade econômica ainda robusta, pressionando a inflação.
“O PIB do primeiro trimestre forte (está) ajudando a alta (das taxas) dos DIs. O consumo das famílias está resiliente”, comentou durante a tarde Luciano Rostagno, estrategista-chefe e sócio da EPS Investimentos.
Além disso, a curva a termo brasileira era sustentada pelo mal-estar em torno do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre algumas operações cambiais e de crédito -- um assunto que desde a semana ada tem servido de motivo de alta para o dólar e para as taxas futuras.
Ainda que o governo Lula tenha voltado atrás em algumas medidas, as que foram mantidas seguem ameaçadas pela ação do Congresso, que pressiona pela derrubada do decreto que alterou alíquotas do imposto.
Operador de um banco de investimentos ouvido pela Reuters pontuou ainda que declarações do presidente do PSD, Gilberto Kassab, descartando o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro ao governador Tarcísio de Freitas na corrida presidencial de 2026 ajudaram a sustentar as taxas no Brasil. Tarcísio segue como um dos nomes preferidos do mercado financeiro para a disputa pelo Planalto no próximo ano.
No exterior, o dia também foi de venda de ativos de países emergentes -- como o real, as ações e os títulos brasileiros -- após o presidente dos EUA, Donald Trump, acusar a China de violar um acordo entre os dois países para reduzir mutuamente as tarifas e as restrições comerciais sobre minerais essenciais.
Neste cenário, a taxa do DI para janeiro de 2027 -- que tem refletido mais diretamente as apostas relacionadas ao início do ciclo de cortes da Selic -- subiu durante praticamente todo o dia, atingindo a máxima de 14,14% às 15h55, em alta de 13 pontos-base ante o ajuste da véspera.
No fim do dia a curva brasileira seguia precificando chances amplamente majoritárias de manutenção da Selic em 14,75% na reunião de junho do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, mas as apostas em um aumento residual de 25 pontos-base cresceram, em meio aos dados fortes de atividade no Brasil.
Perto do fechamento desta sexta-feira a curva a termo precificava 86% de probabilidade de manutenção da Selic em junho, contra 14% de chance de elevação de 25 pontos-base. Na véspera os percentuais eram de 90% e 10%, respectivamente.
Às 16h33 o rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- caía 2 pontos-base, a 4,406%.
0 comentário 5y581d

Ibovespa fecha em queda com realização de lucros, mas acumula alta em maio

Dólar sobe quase 1% puxado por exterior e fecha semana acima dos R$5,70

Juros futuros sobem puxados por PIB forte no Brasil e desconforto com IOF

Trump diz que conversará com Xi e espera resolver questão comercial

Governo do Japão diz que concordou com os EUA em acelerar negociações comerciais

Wall Street teme que imposto sobre investimento estrangeiro reduza demanda por ativos dos EUA